quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PEDRO MATTOS, o irreverente

     Pedro Mattos (1944-2002)
                No ano de 1944, exatamente no dia 18 de setembro, nascia, na Rua Carneiro da Rocha 55, em Ilhéus, Pedro Augusto Vital Mattos, ou seja, no mundo artístico Pedro Mattos, e para seus amigos Pedrinho, que era o terceiro filho do casal Carlos Frederico Monteiro de Mattos e Aurora Vital Mattos, que também tinham mais dois filhos: Luciano Carlos e Lúcia Maria. Estudou no Instituto Municipal de Educação, IME, onde concluiu o curso ginasial, fez o científico no Colégio Manuel Devoto em Salvador e o clássico no Severino Vieira. Frequentava como ouvinte as aulas de teatro na Escola de Teatro, no bairro do Canela. Estimulado pelo teatrólogo Alberto D’Aversa foi estudar teatro em São Paulo onde fez o Curso Livre de Teatro na Faculdade de Comunicação Social Anhembi, em 1973, onde fundou o Grupo de Teatro Anhagá e dava aulas de arte dramática. No mesmo ano fez o Curso de Criatividade promovido pela ECA/USP. Em 1974 o curso de Publicidade e Teatro na Escola Superior de Propaganda e Marketing, e Teatro do Oprimido na Faculdade Álvares Penteado. Em 1976 Curso de Dinâmica Infanto-Juvenil, promovido pelo Instituto de Educação Integral, e curso de Mímica com Ricardo Bandeira em 1977, em 1978 “Dinâmica do Ser” pelo Instituto de Educação Integral e USP. Todos estes quando morava em São Paulo, onde além de teatro, fazia também cinema e televisão.
            
  Ana Virgínia Santiado e Pedro Mattos
             Voltando a morar em Ilhéus fez o Projeto Chapéu de Palha ministrado pela atriz Jurema Penna; curso de “Direção Teatral”, com Antônia Adorno e o Curso de Comunicação e Arte, na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Também fez o curso de “Relações Humanas”, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1972.
            Na Escola de Música e Artes Cênicas de Belo Horizonte fez o curso, “O Canto no Teatro”, em 1980.
            Durante dois anos, 1974 – 1976, participou de várias atividades como ator, participou da peça “Palhaços” de Timochenco Wehbi, produzida pela Temporal Produções Artísticas, com a direção de Fausto Fuser, percorrendo todo o Brasil numa campanha promovida pelo SNT – Serviço Nacional de Teatro. Em 1979 “A Cantora Careca”, de Ionesco, com produção da Faculdade de Comunicação Anhembi; “Som Lixo Luxo ou Transa Nossa”, criação coletiva apresentada na Sala de Bolso do Teatro Ruth Escobar, em 1970; “Barela”, de Plínio Marcos, produção da faculdade de Comunicação Anhembi em 1970; “A Morta”, de Oswald de Andrade, um estudo coordenado por Miriam Muniz, em 1976; “Um pedido de casamento” e “O Urso”, ambos de Anton Tchekhov, com produção do grupo Anhangá; “Daniel, Capanga de Deus”, filme de João Batista Reimão Neto, com Regina Duarte e Arduino Colassanti, em 1976/77; “O Balão da Alegria”, infantil, de Fausto Fuser e Sérgio Sá, em 1978/79.
            Em 1979, por problemas de um câncer na garganta, retornou a Ilhéus onde desenvolveu muitos trabalhos no teatro amador, como também em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e por ai a fora.
            
             Pedro Mattos com a galera do Surf

              Em Ilhéus participou de várias atividades: “A Bruxinha Que Era Boa”, de Maria Clara Machado, direção de Eliane Sabóia, em 1960 e em 2000; “Essa agora, Mister Esso”, no Teatro Popular de Ilhéus, em 1961/62; ”Zé da Silva, homem livre?”, também pelo Teatro Popular de Ilhéus, em 1963/64; “Enfim Sós”, comédia de Daniel Rocha, direção de Antonieta Bispo, apresentada no Clube Cruz Vermelha em Salvador, em 1965; “O Boi e o Burro a Caminho de Belém”, de Maria Clara Machado, com direção de Équio Reis, nas escadarias da Catedral em 2000; “Paixão de Cristo”, no papel de Herodes, com direção de Équio Reis, no Estádio Municipal de Itabuna, em 1986.

             Também tomou parte de vários espetáculos de dança (balés): “Copélia”, participou como ator no papel do Dr. Copélio, com direção de Tânia Agra, pela Escola de Balé de Ilhéus, em 1987; “A Chorus Line”, no papel do “Diretor”, pela Academia Transforma, sob a direção de Mônica Tavares, em 1989; “O Circo” também pela Escola de Ballet de Ilhéus, com direção de Tânia Agra, em 1990; também participação em “O Quebra Nozes” com direção da mesma em 1991; “Cidadão Jesus” (Via Sacra), no papel de Pilatos, com direção de Ramayana Vargens, no Instituto Nossa Senhora da Piedade, em 1995/96; “Copélia”, novamente, no papel de Copélio, mas com direção de Luciana Kruschewsky, em 1996.
                
                Em 1992/93 participou da novela “Renascer”, da Rede Globo, rodada em Ilhéus.  
            Foi diretor da “Companhia Talentos da Terra”, na Casa dos Artistas, onde foi professor do hoje conhecido ator Fábio Lago. Participou do “Projeto Chapéu de Palha” criado pela atriz Jurema Penna, promovido pelo DECAR, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, percorrendo várias cidades da região, Ipiaú, Coarací, Teixeira de Freitas, Itacaré, Itamarajú, Prado, Itabuna, Ibicaraí e muitas outras; Professor titular da cadeira ”Folclore” no Curso Técnico de Turismo e Professor de Teatro para alunos do 2º grau do Colégio Nossa Senhora da Vitória; Coordenador voluntário da Casa dos Artistas de Ilhéus; diretor artístico do Grupo de Teatro Vozes de Itabuna, colunista cultural do Jornal “AGORA”, de Itabuna, onde escrevia a coluna “Ensaio Geral”; palestrante em colégios, igrejas e coordenador de grupos novos.
            
                    Não podia guardar tanta cultura e conhecimento só para ele, assim virou professor da cadeira de “Cultura Geral” e teatro do Colégio São Luiz; professor de Educação Artística para crianças (Método Piaget) no Instituto de Educação Integral; em São Paulo; Professor de Teatro – cadeira de “Interpretação e Improvisação” na Faculdade Farias Brito em Guarulhos; chefe do Departamento de Atividades Cívicas e Culturais do Município de Ilhéus (1980/87); Presidente da SACI (Sociedade de Arte e Cultura de Ilhéus), 1980/86; coordenador do Quadro I do  “Auto do Descobrimento” de Adonias Filho, com direção de Équio Reis em 1981; coordenador da “Cia. Talentos da Terra”, grupo de teatro amador;  diretor adjunto da “Ilhéus Revista”; Diretor do “Circo Folias da Gabriela”, 1986/87; Diretor do Teatro Municipal de Ilhéus, 1986/87; Coordenador, em Ilhéus, do “Projeto Pixinguinha”, 1986/87; Diretor Secretário da Fundação Cultural de Ilhéus, 1987/93; Organizador e professor do Curso de Expressão Teatral – A Linguagem do Povo, promovido pelo Grupo de Teatro Vozes, de Itabuna em 1994; Coordenador do “2º Ciclo  de Estudos Históricos – Evolução da Sociedade Brasileira”, promovido pelo Grupo de Teatro Vozes de Itabuna; Coordenador e professor do curso “Em busca de um Teatro Popular em Itabuna; coordenador do 4º ao 11º Concurso Regional de Poesia em Ipiaú e Ilhéus; Curso básico de teatro no distrito de Sambaituba, Ilhéus; Curso básico de teatro em Itamarajú, promovido pela Divisão de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura; Curso de teatro (particular) em Itajuipe;  Coordenador auxiliar do 1º Festival de Teatro Amador de Itamarajú; Coordenador e membro da Comissão Julgadora do Terceiro Concurso de Poesia de Coarací; Coordenador da instalação da Casa da Cultura de Ibirataia; Coordenador do Simpósio Regional de Cultura de Ipiaú; Coordenador e Presidente do Júri do 1º e do 2º Festival de Teatro Amador de Teixeira de Freitas, 1998/99; Responsável pelo boletim informativo, INFORMARTE, da Casa de Cultura de Teixeira de Freitas, 1999; Técnico do “Projeto Chapéu de Palha”, promovido pela Diretoria do Departamento de Ações Regionais da Fundação Cultural do Estado da Bahia nas cidades de Ipiaú, Guaratinga, Uruçuca, Coarací, Eunápolis, Teixeira de Freitas.   
            
                   Pedrinho também foi diretor, quando morava em São Paulo dirigiu as peças: “Bar Doce Jaula”, de Rubens Silva, na Faculdade de Comunicação; “Sociedade Anônima”, de Bel Santos, produção da Faculdade de Comunicação Morumbi/Anhembi; “Um Homem uma Mulher e uma Flor”, de Glaucia Talon; “Um Pedido de Casamento” e “O Urso”, de Tchekov; “A Raposa e as Uvas”, de Guilherme Figueiredo, no Colégio Frederico Ozanan.
            Em Salvador dirigiu a peça, “Tempos de Primavera”, e o show musical “O Orvalho vai caindo”, criação coletiva dos alunos do Colégio Manoel Devoto.
            
              Já morando em Ilhéus: “Auto natalino”; “Lampiaço, o Rei do Cangão”, de Walmir José; “Auto do Descobrimento”, de Jorge Souza Araujo; “O Homem e o Cacau”, espetáculo comemorativo dos cinqüenta anos do Instituto de Cacau da Bahia, com pesquisa de Ana Virgínia Santiago e música de Délio Santiago, expressão corporal de Mário Gusmão; “A Bruxinha que era boa”, “Pluft”, “O Fantasminha”, e “O Rapto das Cebolinhas”, de Maria Clara Machado, montagem com os alunos da IME – Cia. Talentos da Terra; “A Formiguinha Fofoqueira”, de Carlos Nobre; “O Curumim Invisível”, peça ecológica; o balé “Carmem”, produção da Academia Mônica Tavares; Projeto Seis e Meia, produzido pela Fundação Cultural de Ilhéus; Bar Executivo, com Novos e Usados Jazz Band; shows musicais; “Conjunto  Vazio”, “Stela Estrela”, “De Coração”, “Desnudos”, shows musicais;  “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes; “A Eleição”, de Maria de Lourdes Ramalho; “O Auto do Frade”, de João Cabral de Melo Neto;   “Hoje eu não faço nada”, “A Marca da Mão”, “A Força do Não”, “Alvorada Grapiuna”, “Os Caminhos de Assis”, “Presente dos Magos”, “Mulher sem Medo de Ser Mulher”, de Yara Lima, com o Grupo de Teatro Vozes, de Itabuna;   “Amor por Anexins”, de Arthur Azevedo; “Servian”, show em homenagem ao Instituto Nossa Senhora da Piedade e TV Santa Cruz, texto de Ana Virgínia Santiago, com os bailarinos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Helio Bejani e Elisa Baetta e participação das Academias de Dança de Ilhéus; Performances para os colégios de Ilhéus e Itabuna: “A Megera Multipliciativa”, de Cleise Mendes e “O Sacrifício”.
             
              No governo do prefeito Jabes Ribeiro todo ano dirigia o “Projeto Criatividade Infantil” no dia da cidade.
             No ano de 2002 ganhou o prêmio “Especial” do Troféu Jupará, e em sua homenagem a ”Casa dos Artistas” criou a sala de teatro Pedro Mattos.
         Bacharel em comunicação social, diretor, ator teatral e jornalista, irreverente, mas altamente capaz nas suas decisões e atitudes. Numa das cachaçadas da galera, no bar do Edifício Santa Clara, num sábado à noite, o pessoal fazia o aquecimento, uns iam para Itabuna outros ficavam em Ilhéus. Ia ter o desfile “Miss Gay” em Itabuna, um engraçadinho na hora que Pedrinho ia saindo gritou: Pedrinho você não vai concorrer ao “Miss Gay”?!, ele voltou, e muito sério respondeu: Rapaz, todo mundo sabe que sou homossexual, mas eu me respeito.
           
           Outra vez, quando era administrador do Circo Folias da Gabriela, num dos shows do Circo, um negão de Salvador queria entrar na raça, sem pagar, dizendo: “Eu sou Filho de Gandhi”, Pedrinho, que no dia estava trabalhando na portaria, lhe respondeu: ...”E Eu sou Filho da Puta”, e não vou deixar você entrar.
            Num dos grandes carnavais de Ilhéus saiu fantasiado de “Chiquita Bacana”, em cima de uma carroça cheia de bananas, com uma banana amarrada entre as pernas, atirando bananas nas pessoas que passavam, esta foi uma de suas irreverências que presenciei.
            Faleceu de infecção generalizada, no dia 29 de junho de 2002. No seu velório compareceram amigos de todo o Brasil, sendo que um padre da cidade interrompeu uma missa que estava celebrando para ir abençoar o corpo de Pedrinho na sua chegada ao Cemitério da Vitoria, onde está enterrado no jazigo da família.
            
Colaboração: Alfredo Amorim

5 comentários:

  1. Eu estava lá, no dia 29/06/2002. Fui de são Paulo homenagear o meu maior e grande amigo Pedro Mattos, amigo e compadre. Que os anjos do céu o iluminem sempre!
    Heloisa Bonfanti

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  2. Pedro Mattos teve participaçao fundamental em minha vida e conseguiu mudar completamente minhas tragetorias de vida, me tornando uma pessoa de mente mais aberta. Eternamente grato, em alma e espirito à este grande ser, Pedro Mattos.

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  3. Eu fui aluno do Pedro Mattos aos 16 anos em Guaratinga BA no Projeto Chapeu de Palha e,foi para mim foi uma mudança muito importante em minha vida pois minha timidez me atrapalhava muito com as meninas da època.Após o curso,O Pedro estava hospedado na pensão de minha mãe onde amanheciam o dia jogando Terno Vermelho¨...Quando ele comprava a carta a frse era"VEM CÃO!!!".Grandes momentos...

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  4. Eu participei de um dos projetos dele, aqui em Uruçuca... marcante e cheio de vida...ainda vou fazer o nome dele ser mais conhecido ainda....pois Pedrinho, fez parte de meu território...

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  5. Belíssima homenagem ao Pedro Mattos. E ela não poderia ter vindo de melhor fonte que não fosse a do Pawlo Cidade ! Conheci Pedro Mattos, Conheci o menino Pawlo Cdade, conheci o Fábio Lago, a Esther, Mônica e Rita Santana...Conheci o Romualdo e a Tania. Conheci a felicidade e o amor....Obrigado a todos vcs.

    Ivan Souto

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