terça-feira, 16 de agosto de 2011

IGREJA NOSSA SENHORA DA VITÓRIA


Igreja Nossa Senhora da Vitória/Foto: César dos Santos Passos

Os índios confessaram que foram vencidos por uma forte e formosa Mulher Branca, montada em um cavalo.

                Depois da “Batalha dos Nadadores”, guerra travada por Mem de Sá contra os índios tupis na região do rio Cururupe, em 1560, dirigiu-se este a vila de São Jorge, indo diretamente a uma capela situada ou pé do morro, no fim da Rua São Bento, dedicada a Nossa Senhora das Neves rendendo-lhe graças em público, pela vitória que lhe proporcionara.
                Seis anos depois da batalha dos nadadores, outra guerra, desta vez contra os índios aimorés que estavam devastando a zona rural e destruindo os engenhos, se travou na Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Novamente o povo da vila juntou-se e foi de encontro aos aimorés, aniquilando muitos e fazendo muitos prisioneiros. Também foi atribuída esta vitória à mesma Nossa Senhora das Neves, titular da capela ao pé do morro no fim da rua chamada São Bento.
                Achando-se a capela danificada resolveram os fieis, por devoção, construir uma nova, nas no alto do morro, concluída a construção, em homenagem às vitórias almejadas, deram-lhe o nome de Nossa Senhora da Vitória, substituindo-a pelo das Neves. Conta-se que os índios confessaram que foram vencidos por uma forte e formosa Mulher Branca, montada em um cavalo.
                No ano de 1595 chegou às costas da capitania de São Jorge poderosa armada de piratas franceses, os moradores amedrontados fugiram para o mato, sedo que um deles, Cristovam Braz Leal, reuniu seus amigos na Igreja de Nossa Senhora da Vitória, de onde resolveram combater os piratas. Elegeram o cafuzo Antônio Fernandes, que ficou conhecido por Cutucadas, para ser o comandante da resistência. Novamente conseguiram os moradores expulsar da vila os seus invasores.
                Mais uma vez, no ano de 1637, foi Ilhéus invadida pelo General Jan Corneliszoon Lichthardt, holandês, com dezoito navios, sendo que desta vez os moradores da vila já sabiam da investida dos holandeses, conseguindo rechaçá-los atribuindo também esta conquista a Nossa Senhora da Vitória.
                No ano de 1680 estando à imagem de Nossa Senhora danificada, um morador da cidade, Manoel da Costa, encomendou uma nova imagem em Lisboa, chegando esta imagem danificada. Outro devoto, Manoel Dias Filgueiras, tendo fabricado uma nau em Ilhéus, ao sair do estaleiro escapou de um naufrágio na barra da vila, reconhecendo ele ter escapado do naufrágio por causa da invocação a Nossa Senhora da Vitória, mandou a imagem de volta a Portugal, voltando esta com toda a perfeição, ficando desde então tida como milagrosa.
                Em 1850 foi transferido para a igreja da Vitória o cemitério da cidade, que funcionava na capela de São Sebastião, sendo suas obras concluídas em 1913 na administração do Cel. Antônio Pessoa.
                Em agosto de 1887 a igreja foi totalmente destruída por um incêndio, sendo destruídas todas as imagens, inclusive a vinda de Portugal em 1680.
                Tempos depois foi reconstruída pelo Comendador Domingos Fernandes da Silva, devoto de Nossa Senhora da Vitória, em estilo ogival, com campanário, três altares com colunas douradas. Sacrário, castiçais e estantes de prata. Pinturas ornavam-lhe o teto e as paredes. Com perfeito simulacro do Orago, esculpido por Antônio Machado Peçanha, sendo de enorme valor sua coroa e seu manto. Foi gasto nessa reforma trinta contos de réis.
                Todos os anos, no dia da Ascensão de Nossa Senhora, era celebrada a missa festiva por iniciativa da devota Maria Benta, por sua morte em 1883 passou este evento a ser promovido pela iniciativa do Comendador Domingos Fernandes da Silva.
                Reza a crônica da terra que, em tempos passados teria sido encontrado, no lugar denominado “prainhas”, nesta cidade, um caixão hermeticamente fechado contendo uma imagem cujo corpo estava totalmente destruído, permanecendo intacta somente a cabeça. Esta cabeça, a única parte que restava da primitiva imagem, inexplicavelmente apareceu nas matas da colina que se ergue próxima à cidade e que hoje tem o nome de Alto da Vitória, quando deveria estar, após o seu achado, nas “prainhas”, bem guardada em mãos da pessoa que a havia encontrado.

                Dai fez nascer a crença de que a Santa estava indicando o local onde queria ser cultuada. E, por isso, ficou acertada a construção do templo, onde deveria ser instalada a imagem, que imediatamente foi encomendada em Portugal, servindo de cópia a imagem que foi achada nas “prainhas”.
                Em 1946 por encomenda do padre Euclides Costa, Capelão da Igreja da Vitória, chegou de São Paulo, doado pelos fieis, devotos de N. S. da Vitória, o novo sino da Igreja que foi inaugurado no dia da festa de Cristo Rei.
                 Nossa Senhora da Vitória é originalmente a Padroeira do bairro da Conquista.
                Segundo J. Sabino Moreira não há nenhum fundamento ao culto a Nossa Senhora das Vitórias, a devoção é, e sempre será, a Nossa Senhora da Vitória que é a dos ilheenses por tradição histórica.
              A última reforma feita começou em 1972 e foi concluída em 1974 em estilo colonial simples do recôncavo baiano, tiraram a escada em frente, fizeram uma sacristia, o altar foi substituído por nichos. Jerônimo Francisco Ferreira doou os bancos, o órgão e mais coisas; Dede Mendes doou o dinheiro para a restauração do sino; Doralice Pinto a mesa de celebração em mármore; Antonieta Araujo os anjos que adoram os pés de Nossa Senhora.  Os túmulos do piso foram retirados. A Restauração foi comandada pelo arquiteto Luiz Osório Amorim de Carvalho e a administração pelas senhoras Mª Catarina Lavigne de Lemos (Catita) e Cremilda Maltez de Souza Bastos, esposa de Edgard de Souza Bastos, desta maneira se fez com que a Igreja voltasse ao seu estilo original, pois na reconstrução feita pelo Comendador Domingos Fernandes da Silva o seu estilo havia sido modificado.

Colaboração e Pesquisa:

Alfredo Amorim.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus
               

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

NÔ OLIVEIRA, o mestre da cerâmica

Se perguntarem a você quem é Claudionor Oliveira da Gama Filho, ninguém vai saber responder. Mas, se disserem você conhece Nô Oliveira? Quem? O artista plástico? O homem que faz milagre com cerâmica? Muitos saberão dizer ou identificar.

Nô nasceu em Ilhéus. Seu mestre foi Guilherme Thorbila, na Casa dos Artistas, no início dos anos 90. Além de artesão e músico, participou das gravações da novela Renascer, como dublê do ator Jackson Costa, da Rede Globo, em 1993; Esteve também no Boi Mega de Artes Plásticas na Ilha de Boi Peba, em Valença; no Salão Brasileiro de Artes Plásticas, em Vitória da Conquista, nos anos de 1994 e 1995.


Sua primeira exposição profissional se deu na Galeria do Teatro Municipal de Ilhéus; anos depois ajudou a celebrar o Portal das Artes e dirigiu outras exposições. Sua técnica perpassa pelo "auto-relevo decorativo", usando materiais como argila, cimento e ferro. Em 1995, confeccionou a estátua de Yemanjá, para a gruta do Morro de Pernambuco; fez também outra escultura, desta vez com seis metros de altura, na praia de Batuba, em Olivença; já retratou personalidades como Jorge Amado, Antonio Fagundes, Lima Duarte, John Lennon, Airton Sena e Luiz Gonzaga.

Nô Oliveira é um artista nato. Um caçador de imagens, com projetos a mil! Pretende criar um sítio com imagens gigantes, de santos e personalidades. Nô é o mestre da cerâmica.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MESTRE RAMIRO, capoeiraman!


"Ser professor, é mais do que se dar ao trabalho de passar conhecimentos: é buscar no íntimo de cada aluno a vontade e a possibilidade de crescimento. É trazer de dentro para fora as qualidades e dons humanos". (Mestre Ramiro/Mytho Roots)

Mestre Ramiro se tornou um "Ás" da Capoeira inspirado por três mestres: um, do cinema, mestre das Artes Marciais, Bruce Lee, quando assistia as matinês do antigo Cine Brasil, na Avenida Tiradentes; os outros, da Capoeira, o Mestre Caldeiras e Mestre Antonio ao assistir as rodas de Capoeira na Feira do Malhado quando ele, Ramiro, vendia água gelada em saquinho de geladinho aos oito anos de idade.

Desejoso de aprender o gingado e a luta, levou a prática para a porta de casa onde se reunia com os capoeiristas da época: Pindoba, Cabelo, Daverdura, 43, Chico Capoeira, Aloísio de Mola, Taxeiro e Galdino, sempre buscando valorizar a capoeira dentro do meio social. "Hoje eu vejo que já não existe preconceito racial e sim social", afirma o Mestre.



Teve como Mestres: Aloisio Francisco (Mestre de Mola ou Aloísio de Mola), Mestre Polar, Mestre Kléber e Mestre Barreto. Orientado pelo Mestre Geni do grupo Zambiacongo de Salvador, participou de vários encontros regionais, estaduais, nacionais e internacionais. Foi membro da Liga Andreense de Capoeira, em Santo André, São Paulo; fez parte da formatura de Mestre Moenda com Mestre Vermelho; atuou em várias do Mercado Modelo, em Salvador, com Mestre Americano, Cacau, Índio, King Kong e Jairo.

Mestre Ramiro formou os mestres: Oleoso, Genilson Negão, Ninja, Zé Carlos, Gregório, Jamilton, Neves, Clara, Luana, André, Carlinhos e Iam.

Ramiro com Mestre Genilson e Mestre Barreto à Direita

Atualmente organiza o Pró-Capoeira e é parceiro do Capoeiruna, em Una, do Encontro Internacional de Capoeira Cordão de Ouro e fundador do Grupo de Capoeira Camarada Camaradinha, criado em 1985, onde também ministra aulas para crianças, jovens e adultos.