sexta-feira, 14 de outubro de 2011

HORIZONTINA CONCEIÇÃO

Horizontina Conceição
Algumas escolas de nossa cidade foram batizadas com o nome de personalidades que realizaram diversas atividades culturais em Ilhéus. Uma delas é a da saudosa professora Horizontina Conceição.
Conversando com o nobre pesquisador de nossa gente, Alfredo Amorim, ele me enviou este texto que descreve um pouco desta educadora que teve seu nome imortalizado na Escola Estadual Horizontina Conceição, que funciona no bairro Hernani Sá e na Biblioteca do Colégio Nossa Senhora da Vitória, no bairro da Conquista.
A professora Horizontina Conceição nasceu no dia 8 de abril de 1909, na cidade de Maraú, Estado da Bahia, filha de Albertino Cruz, agricultor, e Sebastiana Conceição, doméstica; tinha dois irmãos, Agenor e Agesilau. Horizontina morou em Maraú até os 10 anos de idade até vir para Ilhéus para estudar.
            Formou-se em magistério na Escola Normal da Piedade, em 1928, junto com Alina Silva e Alina Carvalho. Ensinou pela primeira vez no Instituto Nossa Senhora da Piedade, lecionando Geografia e Ciências entre 1929 e 1951.
Anos depois foi convidada a dirigir o Instituto São Sebastião, de 1949 a 1953, Escola Afonso de Carvalho de 1953 a 1968, Instituto Municipal de Ensino Eusínio Lavigne (IME) de 1941 a 1971 e Escola Regina Coeli de 1968 a 1980.
            Em reconhecimento ao seu trabalho foi outorgado pela Câmara Municipal de Ilhéus o Título de Cidadã Ilheense, Medalha do Mérito Legislativo e Diploma da Comenda do Mérito Legislativo de Ilhéus. Também recebeu o Certificado de Reconhecimento do Ministério da Fazenda pela colaboração prestada ao Programa Contribuintes do Futuro, placa de prata “Leão de Ouro” oferecida pelo Lyons Clube de Ilhéus.
Aposentou-se em 30 de novembro de 1971.
Publicou dois livros, um para a Escola Castro Alves e outro com o professor Arléo Barbosa. Católica, comemorou seus 60 anos de magistério no Instituto Nossa Senhora da Piedade.
Faleceu no dia 25 de agosto de 1991 no Hospital São José após uma isquemia cerebral. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Vitória.

Colaboração: Alfredo Amorim, Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PEDRO MATTOS, o irreverente

     Pedro Mattos (1944-2002)
                No ano de 1944, exatamente no dia 18 de setembro, nascia, na Rua Carneiro da Rocha 55, em Ilhéus, Pedro Augusto Vital Mattos, ou seja, no mundo artístico Pedro Mattos, e para seus amigos Pedrinho, que era o terceiro filho do casal Carlos Frederico Monteiro de Mattos e Aurora Vital Mattos, que também tinham mais dois filhos: Luciano Carlos e Lúcia Maria. Estudou no Instituto Municipal de Educação, IME, onde concluiu o curso ginasial, fez o científico no Colégio Manuel Devoto em Salvador e o clássico no Severino Vieira. Frequentava como ouvinte as aulas de teatro na Escola de Teatro, no bairro do Canela. Estimulado pelo teatrólogo Alberto D’Aversa foi estudar teatro em São Paulo onde fez o Curso Livre de Teatro na Faculdade de Comunicação Social Anhembi, em 1973, onde fundou o Grupo de Teatro Anhagá e dava aulas de arte dramática. No mesmo ano fez o Curso de Criatividade promovido pela ECA/USP. Em 1974 o curso de Publicidade e Teatro na Escola Superior de Propaganda e Marketing, e Teatro do Oprimido na Faculdade Álvares Penteado. Em 1976 Curso de Dinâmica Infanto-Juvenil, promovido pelo Instituto de Educação Integral, e curso de Mímica com Ricardo Bandeira em 1977, em 1978 “Dinâmica do Ser” pelo Instituto de Educação Integral e USP. Todos estes quando morava em São Paulo, onde além de teatro, fazia também cinema e televisão.
            
  Ana Virgínia Santiado e Pedro Mattos
             Voltando a morar em Ilhéus fez o Projeto Chapéu de Palha ministrado pela atriz Jurema Penna; curso de “Direção Teatral”, com Antônia Adorno e o Curso de Comunicação e Arte, na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Também fez o curso de “Relações Humanas”, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1972.
            Na Escola de Música e Artes Cênicas de Belo Horizonte fez o curso, “O Canto no Teatro”, em 1980.
            Durante dois anos, 1974 – 1976, participou de várias atividades como ator, participou da peça “Palhaços” de Timochenco Wehbi, produzida pela Temporal Produções Artísticas, com a direção de Fausto Fuser, percorrendo todo o Brasil numa campanha promovida pelo SNT – Serviço Nacional de Teatro. Em 1979 “A Cantora Careca”, de Ionesco, com produção da Faculdade de Comunicação Anhembi; “Som Lixo Luxo ou Transa Nossa”, criação coletiva apresentada na Sala de Bolso do Teatro Ruth Escobar, em 1970; “Barela”, de Plínio Marcos, produção da faculdade de Comunicação Anhembi em 1970; “A Morta”, de Oswald de Andrade, um estudo coordenado por Miriam Muniz, em 1976; “Um pedido de casamento” e “O Urso”, ambos de Anton Tchekhov, com produção do grupo Anhangá; “Daniel, Capanga de Deus”, filme de João Batista Reimão Neto, com Regina Duarte e Arduino Colassanti, em 1976/77; “O Balão da Alegria”, infantil, de Fausto Fuser e Sérgio Sá, em 1978/79.
            Em 1979, por problemas de um câncer na garganta, retornou a Ilhéus onde desenvolveu muitos trabalhos no teatro amador, como também em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e por ai a fora.
            
             Pedro Mattos com a galera do Surf

              Em Ilhéus participou de várias atividades: “A Bruxinha Que Era Boa”, de Maria Clara Machado, direção de Eliane Sabóia, em 1960 e em 2000; “Essa agora, Mister Esso”, no Teatro Popular de Ilhéus, em 1961/62; ”Zé da Silva, homem livre?”, também pelo Teatro Popular de Ilhéus, em 1963/64; “Enfim Sós”, comédia de Daniel Rocha, direção de Antonieta Bispo, apresentada no Clube Cruz Vermelha em Salvador, em 1965; “O Boi e o Burro a Caminho de Belém”, de Maria Clara Machado, com direção de Équio Reis, nas escadarias da Catedral em 2000; “Paixão de Cristo”, no papel de Herodes, com direção de Équio Reis, no Estádio Municipal de Itabuna, em 1986.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

IGREJA NOSSA SENHORA DA VITÓRIA


Igreja Nossa Senhora da Vitória/Foto: César dos Santos Passos

Os índios confessaram que foram vencidos por uma forte e formosa Mulher Branca, montada em um cavalo.

                Depois da “Batalha dos Nadadores”, guerra travada por Mem de Sá contra os índios tupis na região do rio Cururupe, em 1560, dirigiu-se este a vila de São Jorge, indo diretamente a uma capela situada ou pé do morro, no fim da Rua São Bento, dedicada a Nossa Senhora das Neves rendendo-lhe graças em público, pela vitória que lhe proporcionara.
                Seis anos depois da batalha dos nadadores, outra guerra, desta vez contra os índios aimorés que estavam devastando a zona rural e destruindo os engenhos, se travou na Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Novamente o povo da vila juntou-se e foi de encontro aos aimorés, aniquilando muitos e fazendo muitos prisioneiros. Também foi atribuída esta vitória à mesma Nossa Senhora das Neves, titular da capela ao pé do morro no fim da rua chamada São Bento.
                Achando-se a capela danificada resolveram os fieis, por devoção, construir uma nova, nas no alto do morro, concluída a construção, em homenagem às vitórias almejadas, deram-lhe o nome de Nossa Senhora da Vitória, substituindo-a pelo das Neves. Conta-se que os índios confessaram que foram vencidos por uma forte e formosa Mulher Branca, montada em um cavalo.
                No ano de 1595 chegou às costas da capitania de São Jorge poderosa armada de piratas franceses, os moradores amedrontados fugiram para o mato, sedo que um deles, Cristovam Braz Leal, reuniu seus amigos na Igreja de Nossa Senhora da Vitória, de onde resolveram combater os piratas. Elegeram o cafuzo Antônio Fernandes, que ficou conhecido por Cutucadas, para ser o comandante da resistência. Novamente conseguiram os moradores expulsar da vila os seus invasores.
                Mais uma vez, no ano de 1637, foi Ilhéus invadida pelo General Jan Corneliszoon Lichthardt, holandês, com dezoito navios, sendo que desta vez os moradores da vila já sabiam da investida dos holandeses, conseguindo rechaçá-los atribuindo também esta conquista a Nossa Senhora da Vitória.
                No ano de 1680 estando à imagem de Nossa Senhora danificada, um morador da cidade, Manoel da Costa, encomendou uma nova imagem em Lisboa, chegando esta imagem danificada. Outro devoto, Manoel Dias Filgueiras, tendo fabricado uma nau em Ilhéus, ao sair do estaleiro escapou de um naufrágio na barra da vila, reconhecendo ele ter escapado do naufrágio por causa da invocação a Nossa Senhora da Vitória, mandou a imagem de volta a Portugal, voltando esta com toda a perfeição, ficando desde então tida como milagrosa.
                Em 1850 foi transferido para a igreja da Vitória o cemitério da cidade, que funcionava na capela de São Sebastião, sendo suas obras concluídas em 1913 na administração do Cel. Antônio Pessoa.
                Em agosto de 1887 a igreja foi totalmente destruída por um incêndio, sendo destruídas todas as imagens, inclusive a vinda de Portugal em 1680.
                Tempos depois foi reconstruída pelo Comendador Domingos Fernandes da Silva, devoto de Nossa Senhora da Vitória, em estilo ogival, com campanário, três altares com colunas douradas. Sacrário, castiçais e estantes de prata. Pinturas ornavam-lhe o teto e as paredes. Com perfeito simulacro do Orago, esculpido por Antônio Machado Peçanha, sendo de enorme valor sua coroa e seu manto. Foi gasto nessa reforma trinta contos de réis.
                Todos os anos, no dia da Ascensão de Nossa Senhora, era celebrada a missa festiva por iniciativa da devota Maria Benta, por sua morte em 1883 passou este evento a ser promovido pela iniciativa do Comendador Domingos Fernandes da Silva.
                Reza a crônica da terra que, em tempos passados teria sido encontrado, no lugar denominado “prainhas”, nesta cidade, um caixão hermeticamente fechado contendo uma imagem cujo corpo estava totalmente destruído, permanecendo intacta somente a cabeça. Esta cabeça, a única parte que restava da primitiva imagem, inexplicavelmente apareceu nas matas da colina que se ergue próxima à cidade e que hoje tem o nome de Alto da Vitória, quando deveria estar, após o seu achado, nas “prainhas”, bem guardada em mãos da pessoa que a havia encontrado.

                Dai fez nascer a crença de que a Santa estava indicando o local onde queria ser cultuada. E, por isso, ficou acertada a construção do templo, onde deveria ser instalada a imagem, que imediatamente foi encomendada em Portugal, servindo de cópia a imagem que foi achada nas “prainhas”.
                Em 1946 por encomenda do padre Euclides Costa, Capelão da Igreja da Vitória, chegou de São Paulo, doado pelos fieis, devotos de N. S. da Vitória, o novo sino da Igreja que foi inaugurado no dia da festa de Cristo Rei.
                 Nossa Senhora da Vitória é originalmente a Padroeira do bairro da Conquista.
                Segundo J. Sabino Moreira não há nenhum fundamento ao culto a Nossa Senhora das Vitórias, a devoção é, e sempre será, a Nossa Senhora da Vitória que é a dos ilheenses por tradição histórica.
              A última reforma feita começou em 1972 e foi concluída em 1974 em estilo colonial simples do recôncavo baiano, tiraram a escada em frente, fizeram uma sacristia, o altar foi substituído por nichos. Jerônimo Francisco Ferreira doou os bancos, o órgão e mais coisas; Dede Mendes doou o dinheiro para a restauração do sino; Doralice Pinto a mesa de celebração em mármore; Antonieta Araujo os anjos que adoram os pés de Nossa Senhora.  Os túmulos do piso foram retirados. A Restauração foi comandada pelo arquiteto Luiz Osório Amorim de Carvalho e a administração pelas senhoras Mª Catarina Lavigne de Lemos (Catita) e Cremilda Maltez de Souza Bastos, esposa de Edgard de Souza Bastos, desta maneira se fez com que a Igreja voltasse ao seu estilo original, pois na reconstrução feita pelo Comendador Domingos Fernandes da Silva o seu estilo havia sido modificado.

Colaboração e Pesquisa:

Alfredo Amorim.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus
               

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

NÔ OLIVEIRA, o mestre da cerâmica

Se perguntarem a você quem é Claudionor Oliveira da Gama Filho, ninguém vai saber responder. Mas, se disserem você conhece Nô Oliveira? Quem? O artista plástico? O homem que faz milagre com cerâmica? Muitos saberão dizer ou identificar.

Nô nasceu em Ilhéus. Seu mestre foi Guilherme Thorbila, na Casa dos Artistas, no início dos anos 90. Além de artesão e músico, participou das gravações da novela Renascer, como dublê do ator Jackson Costa, da Rede Globo, em 1993; Esteve também no Boi Mega de Artes Plásticas na Ilha de Boi Peba, em Valença; no Salão Brasileiro de Artes Plásticas, em Vitória da Conquista, nos anos de 1994 e 1995.


Sua primeira exposição profissional se deu na Galeria do Teatro Municipal de Ilhéus; anos depois ajudou a celebrar o Portal das Artes e dirigiu outras exposições. Sua técnica perpassa pelo "auto-relevo decorativo", usando materiais como argila, cimento e ferro. Em 1995, confeccionou a estátua de Yemanjá, para a gruta do Morro de Pernambuco; fez também outra escultura, desta vez com seis metros de altura, na praia de Batuba, em Olivença; já retratou personalidades como Jorge Amado, Antonio Fagundes, Lima Duarte, John Lennon, Airton Sena e Luiz Gonzaga.

Nô Oliveira é um artista nato. Um caçador de imagens, com projetos a mil! Pretende criar um sítio com imagens gigantes, de santos e personalidades. Nô é o mestre da cerâmica.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MESTRE RAMIRO, capoeiraman!


"Ser professor, é mais do que se dar ao trabalho de passar conhecimentos: é buscar no íntimo de cada aluno a vontade e a possibilidade de crescimento. É trazer de dentro para fora as qualidades e dons humanos". (Mestre Ramiro/Mytho Roots)

Mestre Ramiro se tornou um "Ás" da Capoeira inspirado por três mestres: um, do cinema, mestre das Artes Marciais, Bruce Lee, quando assistia as matinês do antigo Cine Brasil, na Avenida Tiradentes; os outros, da Capoeira, o Mestre Caldeiras e Mestre Antonio ao assistir as rodas de Capoeira na Feira do Malhado quando ele, Ramiro, vendia água gelada em saquinho de geladinho aos oito anos de idade.

Desejoso de aprender o gingado e a luta, levou a prática para a porta de casa onde se reunia com os capoeiristas da época: Pindoba, Cabelo, Daverdura, 43, Chico Capoeira, Aloísio de Mola, Taxeiro e Galdino, sempre buscando valorizar a capoeira dentro do meio social. "Hoje eu vejo que já não existe preconceito racial e sim social", afirma o Mestre.



Teve como Mestres: Aloisio Francisco (Mestre de Mola ou Aloísio de Mola), Mestre Polar, Mestre Kléber e Mestre Barreto. Orientado pelo Mestre Geni do grupo Zambiacongo de Salvador, participou de vários encontros regionais, estaduais, nacionais e internacionais. Foi membro da Liga Andreense de Capoeira, em Santo André, São Paulo; fez parte da formatura de Mestre Moenda com Mestre Vermelho; atuou em várias do Mercado Modelo, em Salvador, com Mestre Americano, Cacau, Índio, King Kong e Jairo.

Mestre Ramiro formou os mestres: Oleoso, Genilson Negão, Ninja, Zé Carlos, Gregório, Jamilton, Neves, Clara, Luana, André, Carlinhos e Iam.

Ramiro com Mestre Genilson e Mestre Barreto à Direita

Atualmente organiza o Pró-Capoeira e é parceiro do Capoeiruna, em Una, do Encontro Internacional de Capoeira Cordão de Ouro e fundador do Grupo de Capoeira Camarada Camaradinha, criado em 1985, onde também ministra aulas para crianças, jovens e adultos.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

TEATRO MUNICIPAL DE ILHÉUS


79 anos de História, 25 anos de restauração!

O Teatro Municipal de Ilhéus (originalmente chamado Cine Theatro Ilhéos), foi inaugurado em dezembro de 1932.
Durante a Intendência do interventor Eusínio Lavigne, foi iniciada em 1930 a construção do “Cine Teatro Ilhéus”, na praça Luiz Vianna. As obras ficaram a cargo de Celso Valverde Martins. Em 1933, poucos meses depois de sua inauguração, o jornal local “Diário da Tarde”, noticiava:
Ilhéus está transformada numa espécie de vila artística com o número extraordinário de homens e mulheres de teatro que aqui vieram naturalmente atraídos pela fama de prosperidade desta terra.”
Com o tempo grandes encenações e artistas nacionais incluíam o Teatro em suas turnês. Em 1941 foi encenado “Deus lhe Pague, de Joracy Camargo, Aymée e Procópio Ferreira (1935), a filha Bibi, a vedete Virgínia Lane, cantores como Sílvio Caldas, Orlando Silva, conjuntos como o Bando da Lua aqui se apresentaram.
Depois dos anos áureos passou muitos anos abandonado, pertencendo a família Rehem da Silva que em 1982 doou o terreno e as ruínas do teatro à Prefeitura, na primeira gestão do prefeito Antonio Olimpio Rhem da Silva. Seu sucessor, o prefeito Jabes Ribeiro reconstruiu o interior do teatro, conservando o que restava da fachada original.
Foi reinaugurado em 1986, com a participação do Grupo Corpo de Belo Horizonte, é considerado um dos melhores teatros do norte-nordeste.
 Arte de Goca Moreno, no foyer do Teatro Municipal

CORONEL PESSOA

Conheça um pouco mais da história deste ilustre político de Ilhéus que foi homenageado com nome de rua e praça do Município.       

               Natural de Jeremoabo, Bahia, onde nasceu a 4 de setembro de 1853, filho do Ten. Cel. Guilherme Joaquim da Costa e Silva e de D. Francisca Gomes Pessoa da Costa e Silva, irmão de Marcolina Pessoa da Costa e Silva. Casou-se pela primeira vez com Valeriana Gomes Pessoa, sua prima, com quem teve os seguintes filhos: Arthur Pessoa da Costa e Silva; Alice Pessoa da Costa e Silva, casada com Alfredo Calasans de Amorim; Júlia Pessoa da Costa e Silva, Isaura Pessoa da Costa e Silva, casada com Durval Olivieri e Maria Pessoa da Costa e Silva. Ficando viúvo de Valeriana casou-se com Francisca de Queiroz Pessoa em Quixadá, Ceará, em 1887, com que teve os seguintes filhos: Astor Pessoa da Costa e Silva, Mário Pessoa da Costa e Silva e Antônio Pessoa da Costa e Silva Junior.
         Professor, promotor público, advogado (Rábula), jornalista, deputado e senador. Estudava no Seminário de São Joaquim em Salvador, quando foi obrigado a interromper seus estudos para dedicar-se ao magistério. Começou sua vida profissional em 1874 como professor em Santo Antônio da Gloria. Por concurso público obteve a provisão de advogado sendo transferido em 1879 para a Vila de Vitória, hoje Vitória da Conquista, como Promotor Público. Em 1880 foi transferido para Canavieiras para também atuar como Promotor Público. Em 1881 transferiu-se para Ilhéus onde se exonerou do cargo de Promotor Público em 1883, a promotoria havia sido pleiteada por um bacharel diplomado. Com sua exoneração foi contratado pelo município de Ilhéus para servir como advogado, cargo que exerceu de 1883 até 1887.
              Por decreto do Governo Imperial em 1884, foi nomeado para o cargo de Secretário da Comissão de Açudes e Irrigação indo trabalhar na construção do Reservatório do Cedro no Ceará até 1866 quando perdeu a sua primeira esposa e voltou para Ilhéus.
             Em 1890, seus inimigos políticos apoiados por 60 jagunços, tentaram forçá-lo a abandonar a cidade, fato que não foi concretizado pela proteção que lhe foi dada pelo Delegado de Polícia, Capitão Augusto Olívio Botelho, mandado pelo governo do estado, que expulsou os jagunços.
            De passagem por Salvador, em viagem para o Rio de Janeiro em 1897, foi detido por 24 horas suspeito de ser monarquista.
               Filia do ao Partido Liberal elegeu-se Deputado Provincial pelo 6º distrito, ao qual pertencia Ilhéus, para o biênio 1888/1889, exercendo o mandato até a proclamação da república. Foi eleito Intendente do Município de Ilhéus em 1899 para o biênio 1900/1902 pelo partido constitucionalista, com 436 votos contra 279 do Cel. Adami, tomando posse em 2 de janeiro de 1900, mas por anulação da eleição em 25 de agosto, foi obrigado a afastar-se do cargo, tomando posse em seu lugar o Cel. Ernesto de Sá Bittencourt e Câmara, que era presidente do Conselho Municipal.
                Em janeiro de 1904 os dois candidatos a intendência de Ilhéus se auto declararam eleitos, ficando o município com duas administrações, o Coronel Pessoa e o Cel. Domingos Adami de Sá, sendo que no mês de agosto o Senado Estadual reconheceu como Intendente o Cel. Domingos Adami de Sá. Outra vez candidato em 1907 perdeu a eleição para o candidato João Cavalcante Mangabeira, de quem muitos anos depois se tornou aliado.
            Eleito Deputado Estadual em 1912 tornou-se Presidente da Câmara por três anos consecutivos, quando pediu demissão. Eleito novamente intendente, em março de 1914 assumiu o governo do município até 1917. Elegeu-se Senador Estadual em 1915, sendo o Senador mais votado. Reelegeu-se seguidamente até a revolução de 1930 quando mudou o sistema político brasileiro. Nesta época, com 77 anos, encerrou sua vida pública dedicando-se somente à advocacia até 1939 quando ficou cego. Era membro do diretório do Partido Democrata do Estado desde a sua fundação e Presidente do Partido em Ilhéus. Criou em Ilhéus um grupo político que tinha a denominação de os “pessoistas”, opositor ao grupo de João Mangabeira.
              Abolicionista, denunciou quando Promotor Público em Canavieiras, os responsáveis pela morte de vários escravos o que lhe valeu o elogio publico do Presidente da Província, Conselheiro Antônio Carneiro da Rocha, o futuro Marques de Paranaguá. Também teve sua atuação como abolicionista destacada no livro de Luiz Anselmo da Fonseca “O Clero, o Povo e o Abolicionismo”.
            Foi um dos fundadores e o primeiro Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Ilhéus (Hospital São José), membro da Irmandade do Senhor dos Passos, administrador e fundador do Banco de Crédito Popular, fundador e redator dos jornais “Gazeta de Ilhéus”, “Jornal de Ilhéus” e “Correio de Ilhéus”, Presidente de honra da Filarmônica Santa Cecília.
Coronel Pessoa à direita, após as crianças

               Na sua administração foram construías nove escolas municipais, sendo uma delas o Prédio Escolar General Osório, onde hoje funciona a “Biblioteca Pública Municipal” e o “Arquivo Público Municipal”; feita a reforma do Cemitério da Vitória; criada a Guarda Municipal; instalado o chafariz comprado na Europa em sua primeira gestão (1900) e só instalado em sua segunda gestão (1925); instalada a rede de iluminação pública do Bairro da Conquista e do Pontal; contratado Francisco Borges de Barros para a publicação do livro “Memória Histórica de Ilhéus”; determinada a nomenclatura e a colocação de placas nas ruas da cidade e a colocação de número nas casas.
            Faleceu em Ilhéus no dia 9 de julho de 1942, onde seu corpo foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora da Vitória.

Contribuição: Alfredo Amorim - Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus

sábado, 18 de junho de 2011

O FIM DO "ITACARÉ"

 Notícia de jornal da época

Ainda não eram 9 horas, mas faltava pouco. Dia 23 de agosto de 1939, quarta-feira. No Cine-Theatro Ilheos, o operador Péricles Tavares acaba de desenhar as últimas letras da tabuleta que anuncia para o domingo o filme Stella Dallas ou A Mãe Redentora. Afasta-se para um derradeiro olhar avaliador, vê que a tinta secou e sai com a tabuleta.

Assim eram anunciados os filmes - em tabuletas amarradas aos postes de iluminação. Péricles já estava na praça quando alguém, que olhava para o mar na direção do Morro de Pernambuco, solta o grito:

- O Itacaré afundou!

Péricles larga a tabuleta e firma a vista. O iate está adernado, com parte do casco à mostra, e a hélice ainda gira, gira, gira, como se estivesse a fender águas profundas. O dia está claro, não há sinais de chuva, mas venta muito. Aquele vento forte que sopra do Leste e forma na perigosa barra de Ilhéus vagalhões espumejantes.

Com certeza um deles bateu no Itacaré, o navio adernou, a carga solta correu para a outra borda - e o iate com excesso de passageiros não pode equilibrar-se. A borda havia tocado na areia do canal, que era raso. Por isso, e pelas águas às vezes agitadas, a entrada da barra exigia prático.

O prático conhecia bem as agruras da barra. Quando um navio apitava, ao largo, nas imediações da Pedra dos Ilhéus, o prático dirigia-se para o canal, num barco com dois remadores e bandeira vermelha. Cabia-lhe, agitando a bandeira, sinalizar à esquerda, ao centro e à direita.

Cada movimento desses era um aviso: venha devagar, lance âncora e aguarde bom tempo, pode entrar no canal agora mesmo. Precauções necessárias. Ali, na Praia da Concha, já haviam encalhado o cargueiro sueco Liguria e o norueguês Bencas. Todo cuidado era pouco. Será que o comandante do Itacaré havia interpretado bem o movimento da bandeira?

Da praça, e logo depois da beira-mar, Péricles acompanhou os gritos dos náufragos, as tentativas de salvamento. Houve quem quisesse romper o casco do iate a machadadas. Falou-se até em dinamitá-lo. Muitos passageiros morriam nos camarotes que a preamar ia enchendo. Pescadores queriam ajudar. O engenheiro Paulo Fontes reanimava os passageiros presos com tônicos cardíacos. A draga Bahia, com sua equipagem, participava dos esforços de salvamento. Entre os ilheenses, destacou-se Virolli, um boêmio, bom nadador. Salvou muitos e transformou-se em herói.

Péricles ainda se comove ao recordar o naufrágio. Anos depois, nos campos da Itália, como pracinha, enfrentava os horrores da guerra, a carnificina - mas alguns lances dramáticos do naufrágio do Itacaré pareciam gravados a fogo na memória. Um deles foi a morte do português Lourenço, o verdureiro que todo mundo conhecia nas ruas de Ilhéus. Era gordo, não conseguiu passar pela vigia, mesmo com o corpo lambuzado de óleo. Viu a morte chegar, passo a passo, apoderar-se dele, secar-lhe todas as fontes de vida. E antes de morrer, tomado pela doce misericórdia dos mártires, dizia:

- Salvem-se. Salvem-se. Eu não posso sair. Infelizmente sou gordo. Adeus.

Outro lance foi a chegada dos cadáveres ao necrotério improvisado na Pensão Coelho, que ficava no espaço hoje ocupado pelo Banco Itaú. Ao todo treze, dizia-se. A curiosidade popular crescia, a cidade vivendo horas de grande nervosismo. Quase todos os moradores na beira da praia, a olhar o casco do Itacaré junto do Morro de Pernambuco, ou, da praça perto do cinema, querendo saber quem tinha morrido, quem se salvara.

Com o Itacaré, naufragaram e perderam-se mais de três filmes, além do que estava programado para o domingo: Doutor Sócrates, com Paul Muni, Os Navais Desembarcaram e o seriado Flash Gordon no Planeta Mongo. Este cronista, que era menino, foi informado de que também se perdeu o último episódio do seriado O Guarda Vingador. Mas quem estava pensando em cinema? O naufrágio do Itacaré galvanizava as emoções, o naufrágio no canal da barra era real.

Sessenta anos depois, com narração de Renata Smith e edição de Rogério Santos, a TV Santa Cruz evocou o sinistro, em página de rara beleza formal. E assim, graças à sensibilidade do seu diretor Lício Fontes, veio juntar-se aos que se esforçam para trazer à tona a submersa história de Ilhéus e vizinhanças.

(Crônicas da Capitania, Hélio Pólvora, Editora Legnar, 2000, pp.110-2)

terça-feira, 7 de junho de 2011

ILHEENSE OU ILHEUENSE?

Praça Castro Alves/Acervo José Nazal

Conta o historiador Arléo Barbosa que até meados da década de vinte, dois gentílicos eram usados para o nativo de Ilhéus: ilheense e ilheuense. O termo ilheense era usado pelas pessoas cultas e o outro  era mais popular. As duas formas eram discutidas pelos estudiosos da terra sem que se chegasse a qualquer conclusão. 

Em 1924, Luiz Edmundo, pseudônimo de eficiente professor de Português, da cidade, teve a ideia de submeter a questão ao veredicto do famoso filólogo João Ribeiro. Diante da exposição de motivos apresentados pelo professor de Ilhéus, o ilustre gramático respondeu da seguinte maneira:

"Resumindo a sua longa consulta vemos que a forma ilheuense é a mais popular e a ilheense a preferida por pessoas cultas. O hiato existe em ambas as formas e o hiato não é um vício, mas simples ocorrência por vezes inevitável. O hiato só é vicioso quando propositadamente empregado, a não ser para qualquer efeito onomatopaico. O contrário seria condenar todas as vozes que contém hiatos e são inumeráveis.

De todas as formas propostas a que me parece mais razoável é a que não altera a palavra primitiva, que de si mesma é um nome gentílico. Entendendo que os ilhéus é designação  suficiente para os habitantes do lugar como os dos "bornéus" e o dos jaós ou jaús, naturais de Jaúa (hoje mais comum é Java) e os maranhões expressão antiga.

Os nomes gentílicos oferecem grande variedade de formas com sufixo: ano, ense, iço etc. No Brasil, o sufixo ista exemplifica-se em geralista (habitante dos geraes, campo ou planalto interior) e nortista, sulista (habitante do norte e do sul) expressões desconhecidas em Portugal e ali designadas como brasileirismo.

Poder-se-ia dizer de vez de Ilhéus ou ilheistas, como propriedade igual à dos nomes citados. Não aconselhamos, porém, um emprego sem uso, que ainda não foi consagrado pelo povo que é em geal, o árbitro nessas indecisões.

Nenhum dos termos apontados desmerece o apoio que receberam: ilheense e ilheuense. Eu diria Ilhéus, ou ilheista, preferentemente a primeira. Causa espécie que não tenha aparecido na sua resenha o termo-ilheano de pronúncia mais suave que ilheuense ou mesmo ilheense.

Como quer que seja, parece que o tempo dirá a última palavra nessas vacilações. Não é este o caso único a registrar entre os gentílicos locais brasileiros que são por vezes extravagantes como Matogrossense ou Riograndense do sul, que parecem já agora inevitáveis e seria tolices por embargos a essas palavras sesquipedaes análogas São Johanenses d´El Rei.

A cidade do Rio de Janeiro adotou "carioca" como gentílico local e o Estado do Rio de Janeiro o nome erudito de "fluminense" neologismos cômodos. 

O helenista Vilhena no princípio do século passado criou o termo erudito "soteropolitano" (de soterópolis), Cidade do Salvador, para os da Bahia. Os mineiros fizeram muito bem em suprimir o segundo termo do radical Minas Gerais. 

Tudo, porém, depende do uso que conseguir generalizar-se  e a que nos devemos submeter sem acoimar. Essa a verdadeira lição nas questões do vocabulário. Também esse é o momento mais propício às pessoas doutas que queiram intervir com esperança de resultado aproveitável". 
Ass. João Ribeiro.

Atualmente, o gentílico usado é ilheense. Tudo indica que as pessoas doutas conseguiram influenciar e o tempo, como diria o grande estudioso da língua portuguesa, deu a sua última palavra.

(Notícia Histórica de Ilhéus, Carlos Alberto Arléo Barbosa, pp.75-6)

terça-feira, 31 de maio de 2011

BATUKE JEJE, inovação

O grupo BATUKE JEJE foi formado no ano de 2004 pelo dançarino e coreógrafo Adson Oliveira e a dançarina e musicista Judite Lima com o objetivo de difundir e preservar a cultura afro na região através da dança e do toque do repique, atabaque, pandeiro, paulistão, caixa, marcação e berimbau.
O nome BATUKE JEJE se dá como forma de homenagem aos jejes, que são povos africanos que habitam as regiões africanas de Togo, Gana e Benim. Alguns desses povos foram trazidos ao Brasil em navios negreiros e contribuíram muito para a cultura baiana, através da culinária, toques em yorumbá e a dança afro.
Adson, à esquerda, agachado
Inicialmente, o grupo BATUKEJEJE limitava-se à realização de shows em hotéis da região. Não obstante, mediante a realidade social do bairro o qual o grupo sedia, onde crianças e adolescentes encontravam-se em situações de risco associadas ao uso de drogas, tabagismo, falta de orientação sexual e prostituição, foi ampliado o trabalho passando-se a realizar oficinas de danças e percussão a fim de dar assistência aos mesmos, e, dessa forma, um novo objetivo foi aderido.
Destarte, foi ampliado o número de componentes, o qual passou de quatro para uma média de cinqüenta e as atividades engajaram um novo enfoque: envolver-se politicamente ao serviço de uma nova causa: o trabalho sócio-cultural.
Mediante ao novo enfoque, foi ofertado às crianças e adolescentes da comunidade uma oportunidade de profissionalização no campo cultural com a formação de dançarinos e percussionistas, além da formação sócio educativa, através de estudos associados ao ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, oficinas e palestras sobre educação sexual aliado ao ingresso da família no trabalho sócio-educativo.
Atualmente, essas crianças e adolescentes atuam profissionalmente nos shows em hotéis, espaços e eventos culturais do município.

Fonte: Batuke Jeje.

domingo, 29 de maio de 2011

A PUXADA DO MASTRO EM OLIVENÇA (origem)

Puxada Mastro/Foto Mary Melgaço

No distrito de Olivença o culto a São Sebastião, que teve sua origem no início do século XVIII, é realizado com missas, promessas e em sua festa que acontece todos os anos no mês de janeiro.

A festa da Puxada do Mastro de São Sebastião possui elementos indígenas e dos folguedos populares das festas religiosas da Península Ibérica. O principal símbolo da festividade, o mastro, é utilizado pela Igreja Católica para sustentar bandeiras de santos em frente aos templos, mas também fazia parte dos rituais de consagração do espaço de sociedades arcaicas e dos ritos mágicos e brincadeiras de vários grupos indígenas brasileiros. (...)

Existia também em algumas tribos indígenas do Xingu uma competição chamada corrida das toras, na qual os índios se dividiam em dois grupos e cortavam duas árvores para a realização da corrida. Eles carregavam as toras nos ombros até a aldeia. O grupo que conseguia chegar primeiro tinha o direito de fincar o madeiro no centro da aldeia e era considerado o campeão.

A festa do Mastro de São Sebastião, em Olivença, parece ser um resquício da corrida de toras, pois o corte e a puxada da madeira até a praça da igreja possuem algumas características dessa competição. Porém, a partir do momento que o tronco chega à praça da igreja, a festa deixa de lado as características da competição e passa a ter o significado religioso, pois ele servirá para sustentar a pinta da imagem de São Sebastião. O mastro simboliza ao mesmo tempo a cristianização e a superioridade do cristianismo sobre a religião indígena. Além disso, o madeiro sagrado serve para a consagração do espaço e como eixo de comunicação com o céu.

Praça Cláudio Magalhães, palco da festa com a Igreja ao fundo

A aldeia de Olivença foi construída sobre uma pequena montanha, região mais alta e, portanto, mais perto do céu. No centro da colina foi erguida a igreja e, em frente dela, a cruz. O templo é por excelência o eixo da ligação entre os três níveis cósmicos e ao seu redor, no espaço que transcende o profano, foram construídas as habitações. A cruz, por sua vez, simboliza a tomada de posse da terra em nome de Cristo e a cristianização. E a imagem de Nossa Senhora segura uma escada, que também implica no desejo de subida em direção a Deus. Todos esses elementos demonstram a necessidade de ligação entre o céu, a terra e as regiões inferiores.(...)

Durante toda a festa, desde o corte da madeira até o momento de fincar o mastro em frente à igreja, os índios louvavam a São Sebastião fazendo orações, pedidos, promessas e agradecimentos pelas graças recebidas. Mas a louvação se fazia também pela música e dança. Além disso, retiravam a casca ou pedaços da madeira para fazer chás ou guardá-los como amuletos.

Havia também o compromisso de realizar a festa todos os anos para que São Sebastião protegesse a população. Acreditavam que se a Puxada do Mastro não fosse  realizada e se o mastro antigo e desgastado não fosse substituído, um grande mal se abateria sobre Olivença. O mal - alguma guerra ou epidemia - significaria a catástrofe, o fim da ordem e o regresso ao caos. Festejar o santo anualmente era, portanto, uma garantia da renovação do cosmo.

Fonte: A Puxada do Mastro - Transformações históricas da festa
de São Sebastião em Olivença (Ilhéus-BA), Edilece Souza Couto, pp.63-70.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

AS CORES E O TOM DE JANE

A artista em seu atelier

Uma explosão de cores. Os traços são primitivos e a fantasia se espalha. As telas de Jane Hilda são, antes de tudo, a expressão de seu espírito.  Autodidata, usa cores fortes, vibrantes, plenas e estilo figurativo. Ela garante: “Não tenho nenhum compromisso de copiar a realidade. Uso  simbolismos e aspectos surreais”.  Avalia ainda que  “a linguagem da pintura inclui: o ponto, a linha, o volume, a sombra/luz,a superfície, a cor”. Para ela, “inspiração, cores e formas são ingredientes sem os quais nenhum artista conseguiria produzir”. Jane Hilda prepara exposição para julho próximo em Terras Grapiúnas.
A trajetória de Jane Hilda tem início em 1991, pintava em preto e branco. Os trabalhos foram  incluídos  na mostra coletiva “Janelas Abertas”, na Galeria do Teatro Municipal de Ilhéus, daquele ano.   Ela garante: “a ausência da cor é, analogicamente, o mesmo que o silêncio; e o silêncio é algo muito alto, se visto dentro de uma perspectiva espiritual.  As cores, entretanto,  são como o som, como a música, invadem a alma,fazem festa no coração”.
Em 2000 pinta as primeiras telas da série “Jardim das Flores”, expostas na Casa dos Artistas de Ilhéus. Ela comenta: ”Quando começamos a pintar, vemos o mundo de uma forma diferente, olhamos as matas e enxergamos todas as matizes de verde que estão lá; todas as imagens chegam mais próximas, até os traços humanos ficam mais delineados. A percepção se aguça” .
Entre períodos de intensa atividade artística e de afazeres completamente díspares, como encarar a carreira jurídica e se tornar professora concursada da UESC, tintas, telas e inspiração ficaram guardados. Nova explosão ocorre agora, em 2011: “retomei a série Jardim das Flores. Sabia que teria de concluí-la. São flores e mais flores. As flores da minha imaginação, jardins noturnos ou diurnos, mas que agora trazem outros elementos:  a  lua,  as estrelas, o  sol, água e mata, com sua simbologia espiritual. Desta vez, retomei numa energia que sinaliza continuidade”.
Contatos com a artista podem ser feitos pelo email jhildabadaro@hotmail.com
Fonte: Paulo Mourão, Jornalista e músico.
       

sábado, 14 de maio de 2011

BLOCOS, AFOXÉS E LEVADAS: O Movimento Negro no Carnaval Ilheense

Mário Gusmão e Atanagildo, os precursores

No centenário de Ilhéus (1981) a família do Terreiro Matamba Tombenci Neto presenteia o município apresentando à população o Afoxé Leguedepá, com características sotoropolitanas, coreografado pelo professor Luís Carilo. Na mesma época nascia o primeiro Bloco Afro de Ilhéus, o Mini-Kongo, dirigido pelo professor Atanagildo.

Antenado com o movimento afro-descendente que começava a tomar corpo no cenário municipal, chega a Ilhéus o agente cultural Mário Gusmão, com vistas à profissionalização das entidades e manifestações artísticas de origem africana.

Através de Mário Gusmão surge o Grupo Axé-Odara, que por mais de uma década, representou a magia e o movimento afro em todo o interior da Bahia.

Seguindo a trajetória do Mini-Kongo, que a esta altura se solidificava, surge o Dilazenze, Rastafiry, o Zimbabwê, Leões do Reggae, Danados do Reggae, Os Malês, Raízes Negras, Embaixa Gêge Africana, Afoxé Filhos de Ogum, Zambi-Axé, Guerreiros de Zulu e a Levada da Capoeira que reúne dezenas de alunos e mestres da Capoeira coordenado pelos Mestres Ramiro e Luís Capeta todos atrelados aos movimentos socioculturais que são desenvolvidos em suas comunidades.

DILAZENZE

 
 
  
RASTAFIRY

ZIMBABWÊ
 
 
 

ZAMBI-AXÉ


 MINI-KONGO

 
 
 

 LEÕES DO REGGAE

OS MALÊS

 
 

 RAÍZES NEGRAS

LEVADA DA CAPOEIRA



AFOXÉ FILHOS DE OGUM

 
 


DANADOS DO REGGAE

EMBAIXADA GÊGE AFRICANA

GUERREIROS DE ZULU